A pergunta que não quer calar é: Seria possível para cada país produzir todos os alimentos que necessita em seu próprio território?
Boa parte das respostas resumem-se em afirmar que não há como ter certeza de que todos os países poderiam produzir seus alimentos necessários em seu território, pois isso depende de vários fatores, como a disponibilidade de recursos naturais, as condições climáticas e as políticas governamentais relacionadas à agricultura e comércio exterior. No entanto, muitos países têm potencial para aumentar significativamente sua produção agrícola e reduzir sua dependência de importações de alimentos.
Cientistas da Universidade de Leiden, na Holanda, preocupados com as desigualdades na produção, distribuição e consumo de alimentos em todo o mundo, levantaram a questão se cada país seria capaz de produzir internamente toda a comida necessária para sua população. De acordo com os padrões atuais de consumo, a resposta obtida foi negativa.
O comércio internacional de alimentos sempre foi uma prática comum, envolvendo tanto importações quanto exportações. No entanto, crises globais como a pandemia de Covid-19 ou conflitos, como a guerra atual na Ucrânia, podem prejudicar a distribuição dos alimentos e resultar em duas situações extremas: falta de comida em algumas áreas e altos níveis de desperdício em outras.
A obtenção de autossuficiência alimentar por parte de um país apresentaria diversos benefícios, como a diminuição do custo de transporte relacionado à cadeia logística, além da consequente redução das emissões de carbono geradas por essa indústria.
Segundo o pesquisador Nicolas Navarre, que liderou o estudo, os resultados apontam que “cerca de metade da população mundial vive em países que não conseguem contar somente com sua própria produção nacional”. Esses fatores podem ser observados no próprio país em que Navarre reside, a Holanda, que possui um território pequeno e densamente povoado, tornando-se dependente de importações.
O consumo de carne. Segundo Navarre, “se tornar autossuficiente significa não depender de outros países para alimentar seu gado.“ Não há espaço para produzir a soja que o país importa do Brasil, Rússia e Ucrânia, afirma o cientista. “Seria necessário reduzir o consumo de carne para apenas um dia na semana.”
Existem outras maneiras de reduzir a demanda por terra destinada à produção de alimentos. De fato, países desenvolvidos apresentam altas taxas de desperdício de alimentos que poderiam ser melhor aproveitados em outras regiões. Reduzir as perdas e aprimorar a distribuição são estratégias importantes para melhorar a forma como nos alimentamos.
Apesar dessa discussão, sugerimos que o melhor caminho a seguir seria encontrar um meio-termo entre depender exclusivamente de importações e produzir tudo internamente.
“Em caso de desastres ou pragas que afetem um país, o comércio internacional funciona como uma rede de segurança alimentar”, conclui Nicolas.
Com informações do Canaltech