A delegada Ana Paula Balbina, servidora da Polícia Civil de Minas Gerais, foi afastada de suas funções após a prisão do marido, o empresário René da Silva Nogueira Júnior, acusado de matar o gari Laudemir de Souza Fernandes em Belo Horizonte. A licença médica concedida à delegada foi fixada em 60 dias e publicada no Diário Oficial do Estado.
Pontos Principais:
Segundo informações da corporação, a medida foi tomada nos termos legais, justificando o afastamento como tratamento de saúde. O episódio acontece em meio a investigações que apuram a conduta da policial e também as circunstâncias do homicídio, ocorrido em 11 de agosto, no bairro Vista Alegre, zona oeste da capital mineira.
Naquela manhã, por volta das 9h03, Laudemir trabalhava na coleta de resíduos quando o carro do empresário parou em sentido contrário ao caminhão. O desentendimento começou quando René se irritou com o bloqueio parcial da via. Testemunhas relataram que ele chegou a ameaçar a motorista do veículo de coleta, apontando a arma e afirmando que atiraria contra o rosto dela.
A discussão escalou e, após ultrapassar o caminhão, René saiu do carro com a arma em mãos. Durante a movimentação, deixou cair o carregador, recolocou-o, manuseou novamente o revólver e disparou contra Laudemir. O tiro atingiu a região das costelas e atravessou o corpo, alojando-se no braço esquerdo da vítima, que não resistiu.
O empresário foi encontrado em uma academia pouco depois do crime, onde foi preso pela Polícia Civil. A repercussão do caso provocou forte indignação, tanto pela violência quanto pelo perfil social do acusado, diretor de negócios de uma rede de alimentos.
Em depoimento, Ana Paula afirmou que René não tinha acesso a suas armas e entregou voluntariamente o armamento que possuía. Apesar disso, a Corregedoria instaurou um procedimento disciplinar para verificar sua conduta e eventuais responsabilidades indiretas no episódio.
Além do processo disciplinar, um inquérito policial paralelo busca esclarecer os detalhes da morte de Laudemir, trabalhador reconhecido por vizinhos e colegas como figura presente no cotidiano da comunidade. O caso reacendeu discussões sobre privilégio social, violência armada e impunidade.
O Ministério Público de Minas Gerais chegou a solicitar o bloqueio dos bens do empresário e de sua esposa, medida que foi negada pela Justiça. Mesmo assim, os desdobramentos jurídicos permanecem sob análise, enquanto a defesa sustenta que o crime não foi intencional.
No campo institucional, a Polícia Civil reforçou que o afastamento da delegada segue critérios técnicos e médicos. A medida, embora relacionada ao momento, não representa punição definitiva, já que o processo administrativo disciplinar ainda está em andamento.
A tragédia envolvendo o gari, morto durante o trabalho, ecoou nacionalmente e trouxe à tona debates sobre a atuação da segurança pública, a relação entre status social e punição criminal, além do impacto da violência cotidiana em trabalhadores essenciais.
Fonte: CNN