Cristina Buarque morreu neste domingo (20), aos 74 anos, no Rio de Janeiro. A cantora era conhecida por preservar o samba de raiz e por evitar a exposição na mídia. A informação foi confirmada por seu filho, Zeca Ferreira, nas redes sociais.
Pontos Principais:
Cristina Buarque era filha de Sérgio Buarque de Holanda e de Maria Amélia Alvim Buarque de Holanda. Além de Chico, era irmã de Ana de Hollanda e da cantora Miúcha. Nasceu em uma família ligada à cultura, à música e ao pensamento social brasileiro.
Sua carreira na música teve início nos anos 1960. Em 1974, lançou o álbum “Cristina”, no qual interpretou composições que se tornaram referências em seu repertório, como “Quantas Lágrimas”. Sua atuação artística sempre teve como base a valorização do samba de raiz e dos compositores da chamada “velha guarda”.
Durante toda sua trajetória, Cristina optou por não buscar fama. Mesmo com o prestígio entre músicos e críticos, manteve uma postura discreta e recusou espaços de destaque na grande mídia. Nos bastidores, era chamada de “Chefia”, apelido carinhoso que revelava sua firmeza e influência entre amigos e colegas.
Nos últimos anos, morando em Paquetá, no Rio de Janeiro, Cristina liderava uma tradicional roda de samba, que reunia músicos e moradores da região. Sua dedicação a compositores como Dona Ivone Lara, Wilson Batista, Noel Rosa e Candeia marcou sua atuação como curadora informal da memória do samba carioca.
A notícia da morte foi publicada por seu filho Zeca Ferreira, que usou seu perfil pessoal no Instagram para se despedir da mãe. Em sua mensagem, destacou o amor ao ofício da cantora e a escolha pela “boa sombra”, em referência à sua aversão aos holofotes. Também mencionou sua integridade e presença como mãe e guia da família.
Cristina Buarque nunca buscou prêmios ou reconhecimento oficial. Sua influência, no entanto, era sentida entre os círculos musicais que frequentava. Músicos da nova geração a viam como referência para repertórios e interpretações. A cantora foi responsável por apresentar ao público composições raras ou pouco conhecidas.
Entre amigos e familiares, Cristina era reconhecida como alguém de opinião firme e comprometida com o samba como forma de expressão cultural. Sua postura reservada contrastava com a intensidade de sua atuação artística. Mesmo distante dos grandes palcos, participou de gravações e projetos importantes voltados à preservação do gênero.
O legado deixado por Cristina Buarque inclui não só os discos que gravou, mas principalmente a articulação entre memória, cultura popular e resistência artística. A cantora foi uma das principais figuras ligadas à tradição do samba sem concessões ao mercado ou à indústria fonográfica.
Em entrevistas esporádicas, quando aceitava falar à imprensa, Cristina reforçava que sua missão era manter viva a obra dos compositores que admirava. Esse compromisso guiou sua carreira até o fim. Mesmo fora dos grandes centros da música comercial, seu trabalho reverbera em rodas de samba e projetos de memória.
Ainda não há informações oficiais sobre a causa da morte. A família preferiu não divulgar detalhes e pediu respeito ao momento de luto. Amigos, músicos e estudiosos do samba já manifestaram homenagens em redes sociais, lembrando sua importância histórica e cultural.
Fonte: UOL.