Descontentes com a reitoria, docentes aprofundam discussões sobre a paralisação, enquanto universidade enfrenta defasagem histórica no corpo docente.
Em uma mostra de solidariedade, o corpo docente da renomada Universidade de São Paulo (USP) declarou, após decisiva assembleia, a paralisação das atividades. Esta pausa, prevista até o próximo dia 2, é uma manifestação de apoio à greve estudantil, que começou no dia 21. Uma reunião crítica agendada para segunda-feira determinará se a greve dos professores se tornará realidade.
A Associação de Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp) enfatizou, em comunicado, que a motivação primária é apoiar a paralisação estudantil, que demanda, entre outros pontos, a contratação de docentes proporcionalmente às perdas acumuladas e medidas que garantam a permanência estudantil.
Posteriormente à assembleia geral, diversas unidades acadêmicas da USP estão conduzindo reuniões setoriais. A presidente da Adusp, Professora Michele Schultz, declarou: “Aprovamos a paralisação que se aplica a todos os docentes e unidades. Muitas destas unidades realizarão reuniões setoriais até segunda-feira, onde decidiremos sobre a greve.”
Uma pesquisa da Adusp revelou um declínio alarmante no número de professores da USP. Entre 2014 e 2023, houve uma queda de 17,5% no corpo docente. Em contraste, entre 1995 e 2022, a universidade observou crescimentos significativos em várias áreas, como a expansão de 150% no número de cursos de graduação e um aumento de 80% na matrícula de estudantes de graduação.
No entanto, a Adusp alertou que o crescimento do número de professores foi de apenas 2%, enquanto o número de técnicos-administrativos sofreu uma redução de 15%. Schultz destaca que as 800 contratações de professores prometidas pela administração da universidade não são suficientes.
A Adusp está exigindo, com urgência, a contratação de novos professores por meio de concursos públicos, em especial para departamentos que enfrentam déficits de docentes.
Em resposta, a reitoria da USP reconheceu a necessidade de contratações e afirmou que já garantiu a distribuição de 879 cargos para todas as suas unidades. Em sua defesa, a instituição mencionou as limitações impostas pelo orçamento atual, mas também ofereceu uma alternativa: a possibilidade de contratar docentes temporários para mitigar o processo lento de concursos.
*Com informações de Agência Brasil.