Educação

Como a proibição do celular impacta a rotina escolar e a socialização dos alunos

Em escolas que já adotaram a proibição de celulares, alunos relatam crises de abstinência nas primeiras semanas, mas apontam melhora na atenção às aulas e maior interação social. O Ministério da Educação estuda implantar a regra nacionalmente para todas as instituições de ensino do Brasil.
Publicado em Educação dia 10/10/2024 por Alan Corrêa

As escolas que decidiram proibir o uso de celulares em suas dependências têm experimentado mudanças significativas na rotina de seus alunos. Em um primeiro momento, as reações foram de resistência, com crises de abstinência digital entre os estudantes, mas o cenário mudou após um período de adaptação. Em breve, essa proibição pode se tornar realidade em todas as instituições de ensino do Brasil, com um projeto de lei em andamento no Ministério da Educação.

Pontos Principais:

  • Estudantes relatam crises de abstinência nos primeiros dias sem celular.
  • Há melhora na concentração nas aulas e nas notas.
  • A socialização entre os alunos aumentou, especialmente em atividades recreativas.
  • O projeto de lei do MEC pretende implantar a proibição em âmbito nacional.

A ideia de proibir o uso de celulares nas escolas brasileiras tem ganhado força. Em algumas instituições, como a Alef Peretz e a Tarsila do Amaral, a proibição já está em vigor, e os resultados iniciais mostram uma mudança expressiva no comportamento dos alunos. Em São Paulo, uma escola judaica adotou o uso de pochetes magnéticas para trancar os aparelhos, e os alunos, inicialmente revoltados, agora relatam maior concentração nas aulas e maior interação social.

A primeira fase da implementação da proibição foi marcada por crises de abstinência entre os alunos, com manifestações de resistência e tentativas de burlar o sistema. Em alguns casos, os estudantes tentaram “arrombar” as pochetes ou até substituir seus celulares por objetos, como um baralho. Entretanto, com o tempo, muitos alunos relataram uma diminuição no uso de celulares, até mesmo fora da escola.

Nas instituições que atendem crianças menores, como a Tarsila do Amaral, o desafio foi ainda maior, já que alguns alunos, especialmente os mais novos, apresentaram comportamentos de dependência severa em relação às telas, incluindo dificuldades para comer sem assistir a vídeos. Para esses casos, as escolas criaram processos de “desmame”, gradualmente retirando o uso de telas e incentivando o uso de brinquedos como substitutos.

O impacto da proibição vai além da socialização. Professores e alunos reconhecem que a falta de distrações digitais durante as aulas aumentou o foco e a capacidade de aprendizado. Sem as notificações constantes e a tentação de usar o celular, muitos estudantes passaram a prestar mais atenção aos conteúdos acadêmicos. Além disso, alguns alunos afirmam que a ausência do celular nas aulas os ajudou a reduzir o tempo de uso de telas em casa.

Entre os pais, a aceitação da medida tem sido positiva. Embora alguns tenham expressado preocupações em relação à comunicação com seus filhos durante o horário escolar, muitos apoiaram a iniciativa, especialmente diante dos benefícios para o desempenho acadêmico e a socialização dos estudantes. As escolas adotaram soluções para facilitar essa comunicação, como o uso de aplicativos de mensagens controlados pela instituição, para que os pais possam acompanhar de perto o dia a dia dos filhos.

A proposta de vetar o uso de celulares nas escolas em âmbito nacional ainda está em discussão, mas os dados iniciais mostram que as escolas que já adotaram a prática estão colhendo resultados positivos. A mudança, no entanto, exige paciência, tanto por parte dos alunos quanto das famílias, especialmente nos primeiros dias de adaptação.

Fonte: G1.