Cesar Covero, guitarra, tatame e Rock N’ Roll

Ele é conhecido por suas habilidades no jiu-jítsu, mas suas habilidades vão além da luta e chegam as cordas nervosas da guitarra. Esse é Cesar Passos, também conhecido por ‘Covero’, que é amante do metal e faz sucesso com suas músicas.

Admirador do som pesado desde pequeno, a sintonia entre ele a guitarra já pode ser vista aos 3 anos quando foi fotografado com um broche do Kiss. “Com 6 anos ganhei meu primeiro vinil de rock. Minha mãe é pianista profissional e meu pai também toca piano, mas queria fazer diferente e meu interesse sempre foi pela guitarra”, revelou ‘Covero’.

Nesta entrevista ao colunista Alan Correa, ele ainda falou das bandas que criou e participou, dos desafios, turnês e perrengues. “Já tivemos que sair de um show para não sermos mortos. Entrar para esse mundo demanda mais que dedicação, tem de nascer com o gosto para o estilo musical. Mas é tudo muito prazeroso e vale a pena”, contou.

Entrevista completa e sem cortes

Regional News – Quando surgiu o interesse pelo estilo? Cesar – Eu sempre curti. Tenho uma foto aos 3 anos com o broche do Kiss. Então, nasci com o gosto para esse tipo de som. Ninguém ensinou ou mostrou. Aos 6 anos tive acesso ao meu primeiro vinil de rock.

Alan Corrêa – Teve influência da família? Covero – Minha mãe é formada em piano clássico e popular. Meu pai também toca piano. Sempre teve música na minha casa. Me envolvia mas queria fazer diferente. Meu interesse era por aprender a tocar guitarra, meu primeiro instrumento.

Alan Corrêa – Quando criou sua banda? Covero – A primeira banda que montei, o bateria tocava num balde com almofada e tinha 3 vocalistas. A gente fazia as letras que era voltada um pouco para o pop. Foi aí como tudo começou quando eu tinha 8 para 9 anos. Com 10 anos, eu ganhei minha primeira guitarra. Ia ter um projeto na escola e como eu já fazia aula fui desafiado pelos meus pais para ganhar a guitarra. Comecei a fazer aula. Apareceu esse trabalho da escola e convenci meus pais a comprar a guitarra.

Alan Corrêa – Conte mais sobre as bandas Covero – O nome da primeira banda foi ‘Superstar’. Era muito legal, pois tocávamos na garagem de casa. Colava os caras e as mina da rua para ver. Cada integrante comprou seu instrumento e começamos a tocar. Mas Mind Maker foi a primeira banda de fato e tocávamos uns covers. Sem internet, aprendia na revistinha ou tirava de ouvido. Era muito mais difícil, mas foi uma boa escola para mim. Hoje tenho um ouvido mais apurado por conta disso. Foi na raça. Afinava a guitarra no telefone. O ‘tu tu tu’ do telefone era o ‘lá’. De 1994 a 1998 fizemos vários shows nos barzinhos de Caieiras e região.

Alan Corrêa – Quando o negócio começou a ficar mais sério? Covero – Como queria mais, comecei a fazer cursinho e ir para a galeria do rock em São Paulo. Acabei entrando no Nervochaos, a primeira banda que sai em turnê com mais de 180 shows. Nos anos 2000 eu montei o Endrah que rolou turnê internacional nos EUA. Depois o Voodoopriest. Durante a pandemia montamos o Sick. Mais recente entrei no Worst.

Alan Corrêa – Qual o conselho para quem deseja entrar para esse mundo? Covero – Primeiro precisa gostar muito e depois dedicação. Ninguém vai te ensinar a gostar, você nasce com isso. A obstinação prevalece o talento. Principalmente no Brasil o estilo de música que eu toco, o apoio é quase nulo. Nos EUA, basta apresentar um CD da banda em uma loja de instrumento e você já ganha 30% de desconto. Por aqui, é bem complicado. Muitos nem te dão atenção.

Alan Corrêa – Dá para viver de música? Covero – Sim. Eu só toco o que gosto, mas poderia dar uma arranhada diferente para conseguir mais grana, mas não daria a satisfação que tenho de tocar. Mas para viver mesmo do metal é preciso se envolver bastante.

Alan Corrêa – Qual o show mais maluco que já fez? Covero – Já teve show de pessoas querendo matar nós. A gente estava tocando em Ferraz de Vasconcelos e um cara ficava nos xingando. O cara invadiu o palco e acabou sendo empurrado pelo meu irmão que fazia parte da equipe. Só que o cara era meio ‘boca quente’. Tivemos de sair às pressas do palco e vazar.

Alan Corrêa – Qual o show inesquecível? Covero – O show mais legal foi na Rainbow nos EUA. Mas teve show com 5 mil pessoas… enfim, cada show tem uma história. O mais legal é sempre o próximo.