Caieiras sem água? Reservatórios de SP chegam ao menor nível em agosto desde a crise de 2014

A Grande São Paulo enfrenta o pior índice de armazenamento em dez anos, com apenas 38% de volume útil nos mananciais. A Sabesp reduziu a pressão da água à noite, entre 21h e 5h, para economizar quatro caixas d’água por segundo. A medida preventiva, determinada pela Arsesp, ocorre em meio à estiagem que mantém a região sem chuvas significativas. A Defesa Civil prevê precipitações apenas no próximo mês, quando retorna o período úmido.
Publicado em Saúde e Bem-Estar dia 27/08/2025 por Alan Corrêa

Na manhã desta quarta-feira (27), os reservatórios da Região Metropolitana de São Paulo marcaram 38% de volume útil, configurando o menor nível para agosto desde a crise hídrica que atingiu o estado em 2014. À época, os mananciais chegaram a 11,6% e, no ano seguinte, a apenas 9%, índices que entraram para a memória coletiva como os mais severos da história recente.

Pontos Principais:

  • Reservatórios da Grande São Paulo marcam 38%, menor nível para agosto desde 2014.
  • Sabesp reduz pressão da água à noite, entre 21h e 5h, para economizar quatro caixas d’água por segundo.
  • Medida foi determinada pela Arsesp como parte de regime de prevenção e contingência.
  • Defesa Civil prevê chuvas apenas no próximo mês, com a volta do período úmido.
  • Em 2015, no ápice da crise hídrica, os mananciais chegaram a apenas 0,1%.

Os dados são da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), que acompanha diariamente a situação dos mananciais. Mesmo em comparação com outros períodos recentes, a queda é significativa: em setembro de 2021, o sistema havia registrado 36,8%, o que até então representava o pior índice em quatro anos.

Para evitar que a estiagem de 2025 aprofunde um cenário de escassez, a Agência Reguladora de Serviços Públicos de São Paulo (Arsesp) determinou a adoção de um regime de contingência. A partir desta quarta (27), a Sabesp iniciou a redução da pressão da água durante a noite, entre 21h e 5h, em toda a Grande São Paulo.

A medida tem caráter preventivo e busca conter perdas na rede de distribuição, reduzindo riscos de vazamentos. De acordo com a companhia, a estratégia deve resultar em economia equivalente a quatro caixas d’água por segundo, ou cerca de 4 mil litros a cada segundo poupado.

O porta-voz da Sabesp, Meunim Oliveira Júnior, explicou em entrevista à CNN que, apesar da baixa nos níveis, a população não deve enfrentar uma repetição do quadro de 2014. A diferença, segundo ele, está na ampliação da infraestrutura de saneamento e no aumento da capacidade de distribuição nos últimos anos, o que confere maior resiliência ao sistema.

Ainda assim, o sinal de alerta permanece aceso. Os reservatórios estão classificados em nível de atenção, podendo migrar para a condição crítica caso os volumes fiquem abaixo de 20%. O estágio mais grave ocorre quando os índices caem ainda mais, situação já registrada em janeiro de 2015, quando os mananciais chegaram a apenas 0,1%.

O fenômeno está diretamente ligado ao regime de chuvas. A Defesa Civil do estado prevê que São Paulo continuará sem precipitações significativas nos próximos dias, sobretudo na região central e no interior. O tempo deve permanecer seco, com temperaturas amenas, ampliando a pressão sobre os sistemas de abastecimento.

A expectativa é de que as chuvas retornem no próximo mês, com a chegada do período úmido. Essa previsão, no entanto, ainda depende de condições climáticas instáveis, reforçando a necessidade de medidas de uso racional e consciente da água por parte da população.

Especialistas destacam que a redução da pressão da água é apenas uma das estratégias utilizadas em situações de estiagem. Outras ações, como combate a perdas físicas na rede e campanhas educativas, integram o conjunto de medidas da Sabesp para equilibrar oferta e demanda até a regularização do regime hídrico.

A crise de 2014 é lembrada como um marco de vulnerabilidade da metrópole. Naquele período, bairros inteiros enfrentaram longos períodos sem fornecimento regular, e o debate sobre gestão de recursos hídricos ganhou centralidade nas políticas públicas. O atual cenário reacende a preocupação, embora com a promessa de que a infraestrutura fortalecida reduza a probabilidade de um desabastecimento generalizado.

Fonte: CNN