Trupe Trupé encerra turnê em Caieiras com Siricutico musical gratuito e acessível no Natal Mágico SP

No Natal Mágico, Caieiras virou a última parada de uma circulação que costurou nove cidades do Juquery. Em cena, a Trupe Trupé trocou moralismo por método: palhaçaria, canções autorais e interação como estratégia para defender o direito de brincar. A versão 2025 trouxe cenário renovado e o rio como personagem, com libras e audiodescrição, financiada por ProAC e Lei Aldir Blanc. Entrada livre, sem burocracia. Trilha de Edmo e Tatit guia dança, circo e som ao vivo, com artistas que tocam e atuam.!
Publicado em Entretenimento dia 25/12/2025 por Alan Corrêa

A Trupe Trupé apresentou em Caieiras, no domingo, 21 de dezembro de 2025, às 19h30, dentro do Natal Mágico, na Avenida dos Estudantes, Centro, o espetáculo Siricutico em: Aventuras da menina Flor e a boneca Açucena, em sessão gratuita, com libras e audiodescrição, encerrando a circulação da nova adaptação do musical que estreou em 2022, com a proposta de resgatar o valor do brincar e incentivar a invenção de novas brincadeiras.

Pontos Principais:

  • Caieiras recebeu em 21/12/2025, às 19h30, a última apresentação gratuita da turnê no Natal Mágico.
  • Siricutico mescla show e teatro, com palhaçaria, dança, circo e interação como método de cena.
  • A trilha original é de Filipe Edmo e Paulo Tatit, que também assina a direção musical.
  • A nova versão inclui o Rio Juquery no enredo, com cenário reformulado e ajustes de roteiro.
  • A sessão contou com libras e audiodescrição, com tradução atribuída à Comunicala.
  • O projeto foi viabilizado via ProAC, com menção ao SNC, Lei Aldir Blanc e Ministério da Cultura.

O formato assume, sem disfarces, a natureza híbrida do que se vê no palco: é show e é teatro, com palhaçaria, dança, elementos circenses e performances sonoras que não funcionam como “apêndice”, mas como linguagem central. A interação com o público, aqui, não é um truque de entretenimento; é método cênico, desenhado para fazer a plateia participar da narrativa.

Quando o tema declarado é a brincadeira, a montagem se coloca num ponto sensível: o de tratar a infância como fase digna de respeito, e não como concessão. É uma escolha estética, mas também um recado social claro, com vocabulário simples e execução sofisticada: brincar como valor, como prática, como construção de repertório afetivo e cultural.

A trilha sonora original sustenta essa arquitetura. As canções são assinadas por Filipe Edmo, fundador da Trupe Trupé, em parceria com Paulo Tatit, do Palavra Cantada, que também responde pela direção musical. O resultado é uma costura de letra, ritmo e melodia que conduz a ação, sem “enchimento”: música como dramaturgia em tempo real.

No elenco, a multicompetência é parte do contrato cênico. Além de Filipe Edmo, a Trupe Trupé reúne Amanda Martins, Juliana Najú, Danilo Moura, Janderson Bernardo e João Antunes, artistas que alternam tocar, atuar, dançar e brincar no palco, em dinâmica de conjunto. A versão em circulação contou ainda com atrizes convidadas Monique Franco e Natália Jonas.

A adaptação foi reformulada, com novo cenário e mudanças no roteiro, e ganhou um gesto de territorialidade: o Rio Juquery passou a integrar o enredo como homenagem, valorizando sua história e importância para as cidades da região. É um recurso narrativo que desloca a peça do “lugar nenhum” e a ancora no mapa afetivo do entorno, sem transformar o rio em alegoria vazia.

A turnê que desembocou em Caieiras percorreu nove municípios no entorno da bacia do Juquery, compondo uma rota regional que ajuda a explicar o caráter itinerante do projeto:

Na engenharia institucional, o espetáculo foi viabilizado por meio do Programa de Ação Cultural (ProAC), com produção Fervo e Trupe Trupé, e realização vinculada à CULT SP e à Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo, além do SNC (Sistema Nacional de Cultura), Lei Aldir Blanc e Ministério da Cultura. Em projetos dessa natureza, o desenho do fomento implica deveres típicos de governança cultural: execução conforme plano e prestação de contas, sem que isso reduza a obra a planilha.

Acessibilidade foi apresentada como condição de acesso, não como “extra”: houve libras e audiodescrição, com tradução atribuída à Comunicala. A classificação indicativa foi livre, e a entrada ocorreu com acesso aberto, sem retirada de ingressos, o que desloca a experiência para a lógica do espaço público e da fruição coletiva, especialmente em programação de cidade.

Fundada em 2012 por Filipe Edmo, a Trupe Trupé se define pela convergência de música, dança, teatro, brincadeiras e interações voltadas a crianças de todas as idades, com o objetivo declarado de levar música autoral às famílias e promover respeito à infância. O grupo aponta vivências em cultura popular de diversas regiões do país e enumera parcerias musicais como Palavra Cantada, Falamansa, Ney Matogrosso e Zeca Baleiro.