Brasil não terá horário de verão em 2024, mas decisão pode ser revista em 2025
O Brasil não adotará o horário de verão em 2024, conforme anunciado pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, durante uma coletiva de imprensa realizada em Brasília. A decisão foi tomada após uma reunião com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que avaliou que a atual situação energética do país não demanda a adoção da medida para o próximo verão.
A decisão se baseou na conclusão de que, apesar da grave seca enfrentada pelo país em 2024, os níveis de segurança energética estão garantidos. O ministro Silveira afirmou que o restabelecimento da condição hídrica do Brasil, embora ainda modesto, está evoluindo, permitindo que o governo planeje uma possível volta da política para o verão de 2025/2026.
O horário de verão, adotado pela primeira vez em 1931 no Brasil, tem o objetivo de aproveitar melhor a luz natural, promovendo economia de energia e incentivando setores como o comércio e o turismo. Entretanto, a medida foi descartada em 2019 e não foi retomada durante o governo Bolsonaro, quando o Ministério de Minas e Energia argumentou que a mudança nos hábitos de consumo energético da população reduziu a eficácia do horário de verão.
Em 2024, a possibilidade de reintroduzir a medida foi cogitada como forma de mitigar os impactos da pior seca já registrada no Brasil, de acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemanden). No entanto, a recente melhoria nas condições de chuvas, especialmente na região Sudeste, e o planejamento energético permitiram ao governo garantir que os reservatórios apresentam níveis de resiliência suficientes para o período.
Segundo o ministro Silveira, a eficácia do horário de verão deve ser analisada com base em diferentes fatores, como a segurança energética e os reflexos econômicos. Em países como a França, que possuem matrizes de energia nuclear, o horário de verão é adotado mais por razões econômicas do que energéticas, com o intuito de impulsionar a economia em determinados períodos do ano.
Embora o governo tenha decidido não implementar a medida em 2024, o ministro destacou que ela sempre será uma política a ser considerada no futuro, dependendo das necessidades energéticas do país. Ele frisou que a avaliação da medida não pode ser dogmática ou política, pois seus impactos variam conforme as circunstâncias.
Em relação ao possível retorno do horário de verão em 2025, Silveira mencionou que a decisão será tomada com base na evolução da situação hídrica e energética do país. Ele ressaltou que, se a medida fosse decretada agora, o tempo para planejamento e adaptação dos setores econômicos seria insuficiente, o que reduziria o custo-benefício da ação.
Pesquisas recentes revelam uma divisão na opinião pública sobre o retorno do horário de verão. De acordo com o instituto Datafolha, 47% dos entrevistados se mostraram favoráveis à medida, enquanto outros 47% foram contrários e 6% afirmaram ser indiferentes. Já um levantamento realizado pelo portal Reclame Aqui e pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) indicou que a maioria da população (54,9%) apoia o retorno do horário de verão.
Além do impacto no consumo de energia, o horário de verão também traz benefícios para setores como bares, restaurantes e o comércio em geral, que costumam aproveitar o aumento da luz natural para prolongar suas atividades. No entanto, o impacto econômico positivo varia conforme o momento em que a medida é implementada e a capacidade dos setores de se adaptarem.
O ministro Alexandre Silveira concluiu que o Brasil está preparado para enfrentar o próximo verão sem a necessidade do horário de verão, mas que a medida continuará sendo uma possibilidade para os anos seguintes. Ele também destacou que a atual situação energética do país é resultado de medidas de planejamento que permitiram aos reservatórios alcançar níveis de segurança adequados para o período.
Fonte: Agênciabrasil.