A prisão preventiva de Jair Bolsonaro, realizada na manhã deste sábado, marcou um novo escalonamento na relação entre o ex-presidente e as instituições brasileiras. A Polícia Federal o deteve em casa após detectar a violação da tornozeleira eletrônica e identificar risco concreto de fuga, elementos que sustentaram o pedido encaminhado ao Supremo Tribunal Federal.
A decisão do ministro Alexandre de Moraes destacou que a convocação de uma vigília por Flávio Bolsonaro em frente ao condomínio do pai poderia funcionar como mecanismo de distração, comprometer a eficácia da prisão domiciliar e criar um ambiente propício para evasão. Esse ponto foi interpretado como repetição de um padrão recorrente nas investigações sobre a atuação do ex-presidente e seus aliados.
Bolsonaro já cumpria medidas restritivas desde agosto e aguarda o julgamento definitivo da condenação por tentativa de golpe. A nova prisão não está vinculada à pena de 27 anos, ainda sujeita a recursos, mas adiciona pressão institucional sobre o ex-chefe de Estado. A PGR concordou com a medida, sinalizando alinhamento entre investigação, acusação e decisão judicial.
Outro elemento considerado pelo Supremo foi o histórico de tentativas de buscar proteção diplomática. Episódios como as duas noites passadas na Embaixada da Hungria e o plano de fuga para a Embaixada da Argentina reforçaram a interpretação de que havia risco real de evasão, especialmente diante da proximidade de representações estrangeiras no Distrito Federal.
A operação ocorreu sem resistência. Bolsonaro foi levado à sede da Polícia Federal em Brasília, onde passou pelos procedimentos formais antes de ser encaminhado para uma Sala de Estado, área destinada a autoridades. A escolha do local faz parte do protocolo adotado em situações que envolvem ex-presidentes, garantindo segurança e isolamento.
A repercussão política foi imediata. Dirigentes do PL classificaram a prisão como desnecessária, enquanto adversários afirmaram que o STF agiu dentro das prerrogativas legais. O caso reacende tensões entre instituições e segmentos mobilizados da sociedade que continuam a enxergar Bolsonaro como líder político ativo, apesar das condenações e restrições.
Para analistas e autoridades, a medida evidencia uma disputa central sobre a capacidade do Estado brasileiro de impor limites a figuras públicas de grande influência. A prisão preventiva, ao mirar o risco de fuga, demonstra que a Justiça considera o ex-presidente ainda capaz de acionar redes de apoio para evitar o cumprimento de decisões.
O episódio consolida uma nova fase no processo envolvendo Bolsonaro. O foco agora se desloca para a audiência com o juiz, marcada para domingo, e para a análise da Primeira Turma do STF, que deve avaliar a medida na segunda-feira. A resposta institucional a esses desdobramentos definirá os próximos passos de um caso que seguirá no centro do debate político e jurídico do país.
Fonte: G1.