Um surto de coqueluche, também chamada de tosse convulsa, está afetando a Europa. Apesar da disponibilidade de vacinas, a doença tem ressurgido, com Portugal registrando 200 casos nos primeiros quatro meses de 2024. Este número é significativamente maior do que os 22 casos registrados no mesmo período de 2023. A preocupação aumenta com a possibilidade de turistas espalharem a doença entre países.
Marcos Boulos, infectologista e professor da USP, explicou que a coqueluche era comum até a década de 1970, quando a vacinação se tornou mais ampla. Boulos ressaltou a importância da vacina tríplice bacteriana (DTP), que protege contra difteria, tétano e coqueluche. Esta vacina deve ser administrada em três doses aos 2, 4 e 6 meses de idade, com reforços aos 15 meses e 4 anos. Além disso, ele destacou a necessidade de reforços a cada dez anos para manter a imunidade.
A coqueluche é uma infecção bacteriana causada pela Bordetella pertussis. Os sintomas iniciais são semelhantes aos de um resfriado, incluindo febre baixa, catarro e uma tosse incontrolável que pode dificultar a respiração. Bebês com menos de seis meses são particularmente vulneráveis devido à sua baixa imunidade. Adultos que entram em contato com bebês infectados também podem contrair a doença.
Boulos recomendou que pessoas que planejam viajar para a Europa utilizem máscaras, uma vez que a transmissão ocorre por via respiratória e através de gotículas de saliva. O tratamento da coqueluche é feito com antibióticos, e a detecção precoce da doença é essencial para reduzir sua gravidade e transmissibilidade.
Em São Paulo, foram registrados 37 casos de coqueluche em 2024, dos quais 32 ocorreram na capital. Este número representa um aumento significativo em comparação com 2023. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, não houve mortes pela doença, e os casos foram concentrados nas zonas oeste e sul da cidade.
Dados do DataSUS indicam uma queda na cobertura vacinal contra a coqueluche no Brasil. Em 2012, 93,81% do público-alvo foi vacinado, enquanto em 2022 a cobertura caiu para 77,25%. Na região Sudeste, a cobertura vacinal caiu de 95% para 74,79% no mesmo período. Esta queda na vacinação pode estar contribuindo para o aumento dos casos de coqueluche.
O aumento de casos de coqueluche na Europa e em São Paulo sublinha a importância contínua da vacinação e do monitoramento das doenças infecciosas. Medidas preventivas, como a vacinação e o uso de máscaras, são essenciais para controlar a propagação da doença e proteger a saúde pública.
*USP.