No coração do Brasil, há uma tradição que traz alegria e doçura: a celebração de Cosme e Damião.
Enquanto a maioria das festividades é comemorada em 27 de setembro, a Igreja Católica, curiosamente, homenageia os santos um dia antes, em 26 de setembro.
A explicação para tal divergência data da morte dos irmãos gêmeos, que teria ocorrido em um 27 de setembro. Essa data estava registrada até 1969, quando uma mudança no calendário católico transferiu a homenagem para um dia anterior, evitando conflitos com a celebração de São Vicente de Paulo.
Tal decisão veio do fato da data exata da morte dos gêmeos permanecer um mistério. Curiosamente, outras tradições religiosas, como a igreja ortodoxa grega, possuem outras datas para honrar os irmãos: 1º de julho e 1º de novembro, com uma adicional em 17 de outubro.
A típica distribuição de doces, porém, permanece firme em 27 de setembro no Brasil. Isso se dá graças ao sincretismo religioso, onde o orixá Ibeji, entidade infantil das religiões afro-brasileiras, é associado a São Cosme e São Damião. Mas, o que doces têm a ver com esses santos? Frei Luiz Antônio Pinheiro, professor da PUC Minas, esclarece: durante a colonização, os colonizadores impunham o catolicismo, levando os nativos a venerar orixás usando imagens de santos católicos. A fusão de Cosme e Damião com orixás alegres e infantis deu origem às festas e distribuições de doces.
A existência de Cosme e Damião, dois dos santos mais antigos da igreja cristã, é envolta em mistério. Pouco se sabe sobre suas datas de nascimento e morte, embora sua veneração seja antiga, com relíquias preservadas em uma igreja romana. Nascidos na região da atual Síria no 3º século, esses gêmeos médicos atendiam gratuitamente e, por sua fé cristã, enfrentaram perseguições e, eventualmente, o martírio.
O padre Junior Vasconcelos do Amaral, também da PUC Minas, ressalta: “Foram tão devotos a Jesus que, conta-se, foram imunes a danos de elementos naturais, sendo eventualmente decapitados”.
Sua devoção cresceu com o tempo e, no 6º século, foram canonizados. Por serem médicos, são considerados protetores de profissionais da saúde, assim como de crianças, barbeiros e cabeleireiros.
“Que a pureza e sinceridade de vocês protejam nossas crianças. Que a serenidade que sempre os acompanhou esteja também em nossos corações. São Cosme e Damião, peçam por um coração genuíno e simples, e que, como disse Jesus, as crianças venham até Ele, pois delas é o Reino dos céus. Intercedam por nós.”